segunda-feira, 3 de março de 2014

Brazucas no Baby Boom - lágrimas e reflexões

Nas últimas 6 semanas, todos os domingos a partir das 21:00 eu parei para chorar durante quase 1 hora e meia. Esse era o horário do programa Baby Boom (falei sobre a estréia aqui), cuja primeira temporada terminou ontem.


Para fechar com chave de ouro, um casal de brasileiros: Jéssica Terpins e Giba Perelman. Ela faz parte de um grupo no Facebook de mães brazucas em Israel e já tinha avisado por lá que participaria, mas eu não imaginava que ia ser tão emocionante! Não a toa a produção deixou a história deles para o final. Bossa-nova ao vivo na sala de parto, português e um parto difícil e demorado que me lembrou muito o meu primeiro. Receita para um mar de lágrimas. Kol hakavod para ela pela força e para ele pelo companheirismo!


Se o vídeo travar, assistam aqui.

Além de trazer emoções a flor da pele, o programa me fez refletir sobre algumas coisas. Achei muito curioso a grande quantidade de mulheres que queriam dar a luz sem anestesia. Meu pai é anestesista e cresci ouvindo que não há motivo para sentir dor se existem formas de evitá-la. Como qualquer procedimento médico, há riscos, mas hoje em dia, a epidural é uma técnica praticada com bastante segurança. O principal fator "contra", é que muitas vezes a mulher não sente as pernas e então acaba não sabendo quando fazer força e isso pode atrasar um pouco o processo. Por outro lado, muitas vezes a anestesia traz o alívio e a calma de que a mulher precisa para passar pelo parto com serenidade. 

Maayan: guerreira que deu a luz sem anestesia

Eu vivi um pouco de cada uma dessas sensações. Fiquei em trabalho de parto sem anestesia por quase 24 horas (a epidural não "pegava") e no final fiz cesariana. E na segunda vez, passei pelas contrações anestesiada, mas quando dei a luz de fato, estava sem anestesia. Enfim, eu acho que no meu caso, a epidural só trouxe benefícios.

Outro ponto que me chamou a atenção foi como as israelenses valorizam e desejam o parto normal. Em vários casos, elas nitidamente encaravam como fracasso a necessidade de elemento externo (como vácuo) ou de cesariana. Eu me identifiquei, porque também me senti assim quando o médico me disse que teríamos que fazer cesária, mas senti um choque cultural muito grande em relação ao que acontece no Brasil.

Parto normal

Li numa reportagem da Veja que hoje, 80% dos partos feitos em hospitais particulares brasileiros são cesarianas. Na rede pública, as cirurgias representam 40% do total. O Brasil é o segundo colocado no ranking da OMS entre os países com maior percentual de cesárias por nascimento. Meu médico israelense, inclusive, foi palestrante em uma conferência em Brasília realizada pelo Ministério da Saúde que tinha como objetivo incentivar o parto normal no Brasil. Ele foi para explicar como funciona o sistema aqui em Israel, onde as cirurgias respondem por cerca de 20% dos nascimentos (detalhe: os israelenses acham esse percentual altíssimo). 

Cesariana

Costuma-se culpar os médicos, que por comodismo, preferem as cirurgias, mesmo sem real necessidade, mas muitas vezes o comodismo vem também das mamães. Já ouvi histórias de mulheres que anteciparam os partos porque o nono mês da gravidez é o mês em que mais se engorda. Dá pra acreditar nisso???? Se não me engano, todas as minhas amigas de infância tiveram seus filhos através de cesarianas, e mesmo aquelas que gostariam de ter tido parto normal, dizem que é praticamente impossível brigar com o sistema. 

A visão judaica é de que D's sabe qual é o melhor momento para que o bebê venha ao mundo e por isso, não se deve induzir ou antecipar um nascimento, se não há risco de vida ao se levar adiante a gravidez.

O nascimento de um filho é um evento maravilhoso e mágico de qualquer maneira, mas que o parto normal tem um gostinho especial, isso tem. Palavra que de quem já passou pelos dois.

2 comentários:

  1. Meu amor, que D´s nos permita ter mais outros tantos ! E que sejam partos normais, tranquilos e seguros ! Leidot kalot ! Amem !

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